quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Dança e Rituais

Existem valores sagrados e mágicos agregados à dança, na tradição religiosa do Vudu. Através da dança, os movimentos do corpo humano adquirem a faculdade de assumir os atributos e poderes dos animais, dos fenômenos meteorológicos ou de qualquer outra ação que se imita ao dançar. Para o Vudu, as danças são essenciais. É através dela que o homem tenta entrar em comunhão a natureza e expressar-se com todo o seu ser para acolher a loa (deus) que se manifestará por ele.

Não existe uma separação clara entre a dança sagrada e a profana, uma vez que é unicamente a expressão de sentimentos. A dor, o sofrimento, o amor, a alegria, a vida ou o luto, se concentra tanto no canto quanto na dança, como se a alma humana se liberasse assim, de todos os seus pesos e temores.

A diferença entre as danças deve-se unicamente à entidade e o ritual que está sendo celebrado. Geralmente as danças profanas, obscenas e alegres são reservadas às loas GUEDES, os senhores da morte, como que para ao ritmo da musica e da dança, recordar aos homens o triunfo do erotismo, da alegria e do simples viver, sobre a morte.

Nos rituais YAMVALU são evocados os movimentos sinuosos da serpente, são danças lânguidas para o deus serpente.

Os ritmos dos tambores (sagrados, durante as cerimônias) são considerados como palavras dos espíritos e seu compasso pode se alterar de triste para alegre, de vivaz para lúgubre, dependendo da entidade que o está utilizando.

Os tambores rituais são fabricados com troncos escolhidos, peles sem defeitos, com muito esmero e durante o processo de fabricação são celebrados ritos especiais no intuito de trazer uma alma própria para esses instrumentos.

Os três principais ritos do Vudu são:

Rada - que é direcionada à aristocracia das loas africanas. Suas entidades são mantenedoras e protetoras da estabilidade das famílias, das tribos e de todo o universo. São rituais de muito prestigio e autoridade, mas são de muita benevolência e tolerância. Para estes rituais são utilizados três tambores feitos de couro de boi.

Petro - as loas destes rituais, são muito mais inflexíveis e maus, podendo inclusive, chegar à crueldade. Neste ritual fluía toda a raiva e sede de vingança dos escravos e onde deixavam descarregar toda sua agressividade reprimida, típica dos que sofrem violências, abusos, humilhações e injustiças. As loas assumem uma imagem justiceira e colérica que pode se desviar para a intransigência e crueldade desenfreadas. Nesses rituais são utilizados dois tambores de pele de cabra.

Zandor - são os rituais mais secretos do Vuduismo. Pouco se encontra na literatura sobre esses rituais e mesmo assim deixam muito espaço para os mitos e para a fantasia. Muitos estudiosos dessa religião consideram esses rituais como variantes dos outros dois, dada a falta total de documentação e do silêncio que o envolve. Os mais devotos acreditam que nesses rituais, os iniciados adquirem a capacidade de se transformarem em animais, em função da ingestão de sucos de plantas medicinais de conhecimentos específicos de certas entidades

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